16 de ago. de 2008

Aquele giro de 360º

Não venha querer dizer para uma acadêmica de matemática que quem dá um giro de 360º volta pro mesmo lugar. Isso eu já estou cansada de saber! E é exatamente disso que quero falar.

Eu li há uns meses o livro da Christiane F.. Nunca escrevi nada sobre isso porque não gostei do final feliz. É surreal demais. Nunca vi disso!

Pois então, estou cá a escrever sobre a Christiane agora porque o final que o livro deveria ter está começando a acontecer. Ela teve uma recaída depois de não sei quantos anos, e se não acreditam, leiam a reportagem!

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL719862-5602,00-CHRISTIANE+F+VOLTOU+AS+DROGAS+DIZEM+JORNAIS+ALEMAES.html

P.S: O livro "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída" relata a história real da jovem de classe média baixa que se envolve com drogas. A primeira publicação lançada em 1975 traz a história completa mais alguns trechos dos boletins de ocorrência na época. (Só para constar, o livro já está na 38ª edição.)
Em 2008, 34 anos depois ela volta a usar drogas. No auge de seus 47 anos de idade.

11 de ago. de 2008

Senhora de Si

Queridas colegas leitoras, falando francamente, responda para si mesma as seguintes perguntas: quantas vezes você já quis ser arrogante com quem a tratou mal e não conseguiu? E quantas vezes conseguiu? (Homens nem tentm sequer imaginar as possíveis respostas pois jamais conseguiriam.)

Aurélia Camargo é a senhora mais cheia de si que já conheci em toda a minha existência. Nada de meias palavras, nada de submissão (apesar de ter vivido em uma época cuja independência feminina ainda era piada), nada de sonhos românticos, nada de se julgar inferior moralmente (nem em sua infância pobre).

Num ímpeto de pura e amarga inveja, desejei ser como ela, senhora de si, senhora de outros, tão doce e tão amarga, fria, calculista e cruel como nenhuma outra. Dona de um olhar cético e atrevido como dela só, coisas de mulher... Mas não de qualquer mulher, coisas de Aurélia Camargo, a mulher que comprou o homem que amava. A mulher que teve a audácia de oferecer 100 contos para que seu querido Seixas deixasse a noiva para lhe servir apenas, como um escravo da moral.

O desenrolar desse romance é tão doloroso e tão impregnante como jamais se vira. José de Alencar merece um prêmio por dar vida à mulheres assim como Aurélia, como Iracema, que não deixam a vida das pessoas que as cercam passam em branco, sem ser marcada por elas.

Mulheres como Aurélia são cada vez mais comuns hoje, mas não apenas em criações literárias. Mulheres fortes, determinadas e decididas, eu conheço várias. Mulheres de verdade, que trabalham de domingo à domingo e que sempre encontram um tempo para pintar as unhas. Mulheres que não se submetem à certas coisas por si mesmas, mas são capazes de ir bem mais além disso por seus filhos. Mulheres que não esperam mais por um príncipe encantado, até porque o encanto acaba cedo.

Mulheres de verdade, é disso que José de Alencar fala no livro Senhora, de uma mulher de verdade, cheia de dúvidas, amor, rancor, coragem e doçura.

6 de ago. de 2008

Sinopse (de nada)

Há muito o que fazer aqui agora, mas falta o que chamo de vontade. São 20:38h de uma terça-feira fria. Já sei o que estás pensando, eu deveria estar na aula, e estou! A aula é de geometria, o assunto geometria espacial, e a vontade de estudar não sei onde foi parar (talvez no espaço também).

Talvez... certa vez escrevi um texto sobre isso. Lembro vagamente que dizia não gostar desta palavra por ela significar incerteza sobre as coisas. Teoricamente essa minha afirmação até que tem algum sentido, mas particularmente passei a ver certas coisas de maneira diferente. Passei a acreditar nos sonhos, nos meus sonhos,que outrora foram deixados de lado por um motivo qualquer. E quando se crê nos sonhos, o talvez se transforma completamente e passa a ser uma esperança louca, doce e favorável para o crescimento e amadurecimento das idéias e pensamentos.

Eu tenho um sonho, quero escrever um livro (na verdade verdadeira, como diz minha mãe, queria viver de escrever, mas sejamos realistas, isso é complicado por aqui e não dá muito dinheiro, no final do mês as contas vencem). Também quero ter um filho, adotar mais cachorros, parar de beber leite e ir numa parada gay (para quê festa mais animada?). À primeira vista parecem apenas planos, mas todo plano que passa da hora de ser posto em prática se transforma em sonho, e é a partir daí que todo “se”, todo “talvez”, todo “quem sabe” passa a valer a pena.

Ando confusa. Sabe aquela história de que o curso me escolheu? Não sei o porquê, mas parece que houve uma reversão nessa frase durante as férias. Pra ter noção, estou na aula da arte matemática e ao invés de estar olhando para o quadro, onde o mestre desenha retas e planos, estou com o pensamento longe daqui, escrevendo este texto ao invés de responder ao professor “quando três pontos distintos determinam um único plano”. Eu não sei... Na verdade, eu sei sim, mas não consigo raciocinar sobre isso agora, nem sobre nada que não esteja transcrito aqui.

Foi a esperança louca de um talvez que desnorteou meus sentidos desse jeito. Aos poucos recupero a atenção, enquanto isso o professor recomeça a aula, já passa das 21:30h e metade da turma ainda não voltou do intervalo, o que me ajuda na concentração, já que assim predomina o silêncio (com uma pequena exceção de uns garotos jogando truco aqui ao lado, mas o barulho deles não me atrapalha). De qualquer forma, não ando mesmo motivada à me concentrar, embora insista em fazer isso sempre, sempre, sempre.

A aula já está acabando e me envergonho por perceber que não estou levando na memória nenhuma palavra que o professor falou, nada mesmo. Só lembro de ter ouvido muito algumas palavras como reta, plano, coplanares, ortogonais... Não tenho noção de como estavam dispostas essas palavras nas frases que ele falava.

Bem, preciso ir agora. Fica a dica, vivam a embriagues do talvez, o entorpecimento, a doçura. É idílico, mas funciona de verdade. E para os que sabem do que falo, leiam nas entrelinhas.