30 de out. de 2009

Ontem

Era pra ser só um dia como outro qualquer, e foi... exceto, é claro, pelo cheiro de indiferença que pairava no ar a cada piscar de olhos. Mais um dia tedioso, com gosto estranho, um misto de emoções sem sentido.

Ora um profundo desgosto, ora nada mais que um leve sorriso nos lábios e um ar triste nos olhos, e ora ainda qualquer pensamento promíscuo tomava conta de prosseguir o embalo mal entoado do dia. Pois é, nada de mais nem de menos, tudo na medida, e só eu sei o quanto isso me irrita.

6 de out. de 2009

Onze minutos

Conheci Maria, e diferente dos outros críticos, não a vejo como devassa, nem tampouco desavergonhada. Com coragem (e um pouco de tolice) foi capaz de viver o que muitas mulheres salvam no inconsciente.

Receios, dúvidas, decepções, falta de conhecimento de si própria são virtudes de todas nós mulheres. Sim, chamo de virtudes, até porque falta a palvra exata para definir esses adjetivos, e creio que estão longe de serem chamados de defeitos.

Maria era comum e destemida, buscava o extasy infinito de dez segundos e frustava-se por acabar percebendo que só o possuía sozinha. Embora buscasse amor (e prazer) em quase todos os homens, não via, porém, que há coisas que necessitam de um aprendizado e certo desprendimento da realidade, para que possam acontecer.

Maria, tão parecida comigo, tão cheia de sonhos, de coragem, de tolice, tão aventureira, tão decidida e ao mesmo tempo tão frágil, vulnerável, como tantas outras mulheres buscou prazer e amor nos corpos e corações errados, e pagou o preço, e fez com que pagassem seu preço. Enfim, a história da prostituta sonhadora e cheia de incertezas. Onze minutos é Paulo Coelho, só que em ótima forma.



"... a cada instante de nossas vidas, temos um pé no conto de fadas e o outro no abismo..."
(Paulo Coelho)

5 de out. de 2009

Outrora

E eu, tão acostumada as perdas e ganhos relâmpagos, me vi sem chão. Não que vá fazer falta o que perdi, nem que acrescente em qualquer coisa o que ganhei, mas tem um ar diferente dessa vez. Olhando tudo agora, menos eufórica, menos ansiosa, mais precipitada e mais (muito mais) impulsiva (descarada é a palavra que deveria usar, mas enfim, impulsiva soa menos promíscuo, salvo que a essa altura já nem faz diferença).

Me sinto avessa, não pelas perdas, menos ainda pelos ganhos. É como se no meio de um caminho qualquer meus sapatos mudassem de cor. É indiferente e sem importância, um mero detalhe. Mas eu, eu percebi, eu tão apaixonada por sapatos, eu que antesde qualquer coisa olho para os pés das pessoas, eu percebi.

Só não me cala uma dúvida chata, insistente, não sei mais se foram meus sapatos que mudaram de cor, ou meus olhos que aprenderam a enxergá-las.